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1° Guia completo-Parte Final-3° parte

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Mensagem por Admin Sáb Dez 27, 2014 1:12 pm

Olá a todos, continuando o guia, mas na verdade este artigo foi disponibilizado pelo [url=http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/C%eanica/Pesquisa/ilumina%e7%e3o c%eanica espe]http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/C%eanica/Pesquisa/ilumina%e7%e3o%20c%eanica%20espe[/url](leia este documento para mais informações). Este artigo não é a continuação dos demais.

INTRODUÇÃO
A luz é um elemento capaz de realçar as formas arquitetônicas, valorizando obras e otimizando as funções. No espaço cênico, é capaz de modificar um objeto estático e nele criar infinitos efeitos e diferentes atmosferas e, de gerar emoções nos espectadores. O objeto de estudo e pesquisa é a luz cênica como elemento modificador dos espetáculos, seus efeitos sobre os objetos de cena e sua utilização nos teatros.Este trabalho tem como objetivo principal analisar como a iluminação cênica é capaz de modificar e valorizar os espetáculos, buscando a otimização da criação de luz, dos elementos e equipamentos utilizados.O interesse em desenvolver este trabalho surgiu a partir da necessidade de aprimorar os conhecimentos na área em que a autora vem trabalhando, além de contribuir para enriquecer a escassa bibliografia sobre o assunto.Através deste estudo é possível trazer recomendações a profissionais da área como: projetistas, diretores teatrais, cenógrafos, iluminadores, artistas, entre outros interessados e o público em geral.Utilizando entrevistas feitas com lighting designers conceituados, com o objetivo de esclarecer; dúvidas e questões através de opiniões próprias e experiência de décadas de trabalho, além de exemplos de iluminações cênicas criadas e executadas em diversos espetáculos por especialistas da área.Este trabalho apresenta em seu primeiro capítulo a iluminação e sua relação com os espaços. No primeiro item; a iluminação artificial e sua evolução, iniciando na primeira chama desde a descoberta do fogo há milhares de anos atrás, até a criação da lâmpada incandescente. É descrita também a iluminação natural e, sua relação com os espaços cênicos, apresentando o Teatro Grego, Romano, Italiano até o Teatro Elisabetano e a utilização da iluminação cênica natural nos dias de hoje. A seguir no segundo capítulo, a inclusão da iluminação cênica artificial nos primeiros espetáculos, iniciando pela a utilização das tochas e velas, acompanhando a evolução do espaço cênico. Ainda nesse capítulo são explicados os conceitos da iluminação cênica e, a utilização desta nos dias de hoje, nas mais modernas casas de espetáculo.O tema desta dissertação, a iluminação cênica como elemento modificador, é apresentado no terceiro capítulo. Os objetos de cena e suas características sob a aplicação da luz, a aplicação de cores gerando a criação de atmosferas e, a importância das sombras no teatro, que são apresentados a partir de imagens e de registros fotográficos de espetáculos já montados.

A ILUMINAÇÃO E SUA RELAÇÃO COM OS ESPAÇOS
“O homem como um ser predominantemente visual é mais fortemente afetado pela luz do que por qualquer outra sensação (…) Forma e cor determinam a percepção do entorno físico através dos olhos, e nos dão uma clara e vívida impressão do espaço do que os sensos táctil, auditivo e olfativo.” Walter Kholer. De acordo com Nelson Solano ViannaF2F, cerca de 70 % da percepção humana é visual. Ela faz parte de sua vida e de seu dia-a-dia, do seu modo de habitar. Desde que nasce, o homem está sendo submetido ao ritmo da natureza, da existência da noite e do dia, elementos que são condições necessárias para que ele se sinta pertencente ao próprio tempo.A iluminação sempre esteve presente em todos os momentos da história da arquitetura, embora muitas vezes desapercebida por ser considerada algo natural, parte da natureza em que vivemos. A luz está presente em qualquer obra da arquitetura, em algumas menos e em outras mais, mesmo que não nos preocupemos com ela. Desempenha um papel muito importante nos dias de hoje, embora nem sempre compreenda-se o seu significado.A presença da luz diferenciada nos espaços, através de sua distribuição, quantidade e intensidade, discretamente sugere as funções dos ambientes distintamente iluminados e, ajuda a definir a utilização destes espaços; de descanso, trabalho, diversão e atividades específicas.

A iluminação artificial e sua evolução
Com a necessidade de iluminar o que não podia ser visto desde o momento em que o Sol se punha até o momento em que ele nascesse, percebeu-se que era preciso criar soluções para que o homem pudesse exercer tarefas das mais simples às mais específicas, sem depender da chegada do Sol, já que a luz natural não tinha acesso a todos os ambientes. Com a invenção e a evolução das fontes de luz artificiais, possibilitou-se a execução de atividades durante as vinte e quatro horas do dia.

A primeira chama
Fazer fogo e utilizá-lo de maneira produtiva foi fundamental para o homem iniciar seu caminho rumo à civilização. Há evidências de que o fogo já era utilizado pelo homem na Europa e na Ásia, no período paleolítico posterior.Os primeiros encontros do homem primitivo com o fogo devem ter ocorrido naturalmente ao serem observadas as árvores atingidas por raios e assistindo o fogo surgir na superfície de jazidas de petróleo, ou proveniente das atividades vulcânicas. Destes encontros casuais o homem aprendeu quais são as propriedades inerentes ao fogo: calor e luz, e a capacidade de alguns materiais secos pegarem fogo, como a madeira, por exemplo.A partir deste momento, o primeiro passo foi dado para que o homem levasse o fogo até sua habitação. Por meio de uma tocha com uma haste de madeira e alguns gravetos a chama incandescente era levada de seu lugar natural até a caverna ou acampamento, onde o fogo poderia ser mantido indefinidamente, como uma fonte constante de calor, luz e proteção. Nestes primórdios da história, à medida que os homens se espalhavam pelo mundo, mudando-se para áreas de clima frio, o fogo tornou-se vital para o aquecimento e como fonte de luz. Foi igualmente útil para cozinhar. Nos primeiros lugares onde o homem se estabeleceu, a falta de provas da existência de fogo sugere que estes povos se alimentavam de carne crua. Foi a partir do uso do fogo para cozinhar que aumentou o número e a variedade de alimentos disponíveis para os homens primitivos.O fogo teve ainda uma outra utilidade, menos óbvia hoje em dia, mas talvez a mais importante de todas, quando foi descoberto pela primeira vez. O fogo oferecia proteção contra os animais selvagens que atacavam os homens primitivos. Uma fogueira ardendo constantemente em um acampamento mantinha os predadores afastados. Por isso que a descoberta do fogo permitiu uma maior mobilidade. Contando com o fogo como meio de proteção, pequenos grupos de homens que anteriormente tinham que viajar em grandes bandos para se defenderem podiam se aventurar para lugares mais distantes em busca de alimentos ou de moradia.

Acender e transportar o fogo
Somente muito tempo depois que o homem verificou as faíscas saindo de “dois galhos que eram esfregados pela ação do vento” é que surgiu a idéia de tentar se obter fogo através do atrito de dois pedaços de pau. Provavelmente a produção do fogo pelo Homo erectus, o ancestral imediato do homem moderno, só aconteceu no período neolítico, cerca de 7 mil anos AC. O Homo erectus descobriu uma forma de produzir as primeiras faíscas, através do atrito de pedras ou pedaços de madeira. Para reproduzir o fenômeno, tentou diferentes tipos de pedras, até se decidir pelas melhores, como o sílexF3F e as piritasF4F.Utensílios foram criados, sendo que, um dos primeiros, foi uma pequena vareta de madeira, que era girado rapidamente entre a palma das mãos, enquanto era pressionado em uma lasca plana de madeira. Mais tarde, as puas de arco e corda foram usadas para fazer girar mais rapidamente a vareta, fazendo com que o fogo pegasse mais depressa. Somente tempos depois se descobriu que uma faísca poderia ser criada esfregando-se piritas de ferro com uma pedra.Nas cavernas, após a descoberta do fogo, tochas passaram a iluminar os homens primitivos. Neste tempo pré-histórico, ao descobrir que também podia fazer fogo, o homem logo compreendeu as vantagens de utilizar a luz, passando a valer-se de fachos e archotes. Com o passar do tempo, uma mecha de fibras retorcidas no interior de um bambu, e gordura animal em fusão, deu origem à primeira vela, que haveria de guiar e iluminar o caminho do homem por milhares de anos.

Fogo e a civilização
Assim como o controle inicial do fogo foi essencial para o desenvolvimento de seres humanos na Idade da Pedra, para os primeiros agricultores do período Neolítico foi um fator preponderante para o desenvolvimento de toda civilização humana até nossos dias. No decorrer da história, o homem encontrou formas diferentes de utilizar o fogo: luz e calor resultantes da rápida combinação de oxigênio, ou em alguns casos de cloro gasoso, com outros materiais. Também foi utilizado para cozinhar, para clarear a terra onde o homem ia plantar, para aplicação em recipientes de barro a fim de se fazer cerâmica e também a aplicação em pedaços de minério para se obter cobre e estanho, combinando-os em seguida para fazer o bronze (c. 3000 AC), e mais tarde obter o ferro (c. 1000 AC).Nos dias de hoje pode-se dizer, que a evolução da tecnologia moderna pode ser caracterizada por um aumento e um controle cada vez maior sobre a energia. O fogo foi a primeira fonte de energia descoberta e conscientemente controlada e utilizada pelo homem.

Da vela à lâmpada incandescente
Na Idade da Pedra, a necessidade de produzir uma chama constante que pudesse ser mantida acesa por longos períodos fez com que se criassem cuias providas de pavio que queimavam com óleos vegetais ou animais. A geração subseqüente de luz artificial, viria com as velas, invenção dos fenícios.A mais antiga do que as velas, as tochas eram usadas desde a época pré-histórica. Quanto à utilização das tochas, havia um domínio sobre o tempo de durabilidade da chama e luminosidade das mesmas. Conheciam-se os tipos de madeira que tinham grande quantidade de resina combustível, que não se consumiam com rapidez. A luminosidade era muito pequena se comparada com as lâmpadas a óleo que sucederam as tochas.A iluminação a óleo utilizava lâmpadas de barro, bronze, chumbo e até de ouro, cujas chamas tremeluzentes permitiam uma luminosidade tênue nas casas e palácios. Todas as lâmpadas eram muito parecidas no seu formato, tinham a forma de bacia com bordas onduladas e ressaltos formando os bicos onde ficavam as mechas combustíveis. Orifícios feitos na “bacia” permitiam a passagem do ar para manter a pressão e, correntes reunidas num anel serviam para sustentar a lâmpada no teto ou parede. Usavam-se também lâmpadas em forma de ânfora, enfeitadas na parte larga onde saíam as mechas. Na Roma Antiga os cristãos ornamentavam as peças com figuras de peixe ou pombos.Na Idade Média, o povo utilizava lâmpadas a óleo e para clarear as moradias e os ambientes públicos, que vieram se juntar às velas de ceras, sebo ou estearinaF5F (fig. 1.3). Estes tipos de iluminação duraram até o século XVIII. As luminárias a querosene, gás e eletricidade, são conquistas dos séculos XIX e XX, na busca da luz para a vida do homem.Somente há cerca de dois séculos, no final do século XVIII, o físico Amié ArgandF6F conseguiu aumentar o potencial de luz da chama e, em 1784 introduz sua lâmpada utilizando o gás (fig. 1.5)No final do século XVIII a introdução da lâmpada de Argand trouxe melhorias a iluminação artificial e, passa a ser um grande diferencial.Nas ruas de Londres o gás começa a ser utilizado a partir de 1807 e, Paris em 1819. Na iluminação doméstica, o gás passa a ser utilizado em 1840.Há pouco mais de um século, a idéia de chama como fonte de luz foi trocada pelo conceito de um corpo incandescente sólido. As duas maiores invenções do período foram à lâmpada a gás e a lâmpada elétrica incandescente em 1879.Na segunda década do século XX, passou a ser possível produzir luz sem desperdício de energia com seu subproduto final, o calor. Nessa época foram criadas as lâmpadas de descarga elétrica em várias formas e em escala comercial. Elas vêm sendo aperfeiçoadas até os dias de hoje.

A Iluminação natural e sua relação com os espaços cênicos
A iluminação cênica natural, inicia-se na luz solar usada desde os gregos até os elisabetanos, chegando às diferentes fontes de luz empregadas a partir de meados do séc. XVI, quando o teatro recolheu-se pela primeira vez em salas fechadas.O teatro originou-se nas primeiras sociedades primitivas, em que se acreditava no uso de danças imitativas como propiciadores de poderes sobrenaturais, que controlavam todos os fatos necessários à sobrevivência (fertilidade da terra, casa, sucesso nas batalhas etc), ainda possuindo também caráter de exorcização dos maus espíritos. Portanto, o teatro em suas origens possuía um caráter ritualístico.Com o desenvolvimento, conhecimento do homem e, conseqüente domínio em relação aos fenômenos naturais, o teatro vai deixando suas características ritualistas, dando lugar às características mais educacionais. Em um estágio mais desenvolvido, o teatro passou a ser o lugar de representação de lendas relacionadas aos deuses e heróis.Na Grécia antiga, os festivais anuais em honra ao deus Dionísio (Baco, para os latinos) compreendiam, entre seus eventos, a representação de tragédias e comédias. As primeiras formas dramáticas na Grécia surgiram neste contexto,inicialmente com as canções dionisíacas (ditirambosF7F). A tragédia, em seu estágio seguinte, se realizou com a representação da primeira tragédia, com TéspisF8F.Todos os papéis eram representados por homens, pois não era permitida a participação de mulheres. Os escritores participavam, muitas vezes, tanto das atuações como dos ensaios e da idealização das coreografias. O espaço utilizado para as encenações, em Atenas, era apenas um grande círculo. Com o passar do tempo, grandes inovações foram sendo adicionadas ao teatro grego, como a profissionalização, a estrutura dos espaços cênicos (surgimento do palco elevado) etc. Os escritores dos textos dramáticos cuidavam de praticamente todos os estágios das produções.Nesse mesmo período, os romanos já possuíam seu teatro, grandemente influenciado pelo teatro grego, do qual tirou todos os modelos. Nomes importantes do teatro romano foram PlautoF9F e TerêncioF10F. Roma não possuiu um teatro permanente até o ano de 55 a.C., mas de acordo com os dados históricos, enormes tendas eram erguidas, com capacidade para abrigarem cerca de 40.000 espectadores. Apesar de ter sido totalmente baseado nos moldes gregos, o teatro romano criou suas próprias inovações, com a pantomima, em que apenas um ator representava todos os papéis, com a utilização de máscara para cada personagem interpretado, sendo o ator acompanhado por músicos e por coro.No século XVII, o teatro italiano experimentou grandes evoluções cênicas, muitas das quais já o teatro como atualmente é estruturado. Muitos mecanismos foram adicionados à infra-estrutura interna do palco, permitindo a mobilidade de cenários e, portanto, uma maior versatilidade nas representações.Nesta mesma época no Brasil, o teatro tem sua origem com as representações de catequização dos índios. As peças eram escritas com intenções didáticas, procurando sempre encontrar meios de traduzir a crença cristã para a cultura indígena. Uma origem do teatro no Brasil deveu-se à Companhia de Jesus, ordem que se encarregou da expansão da crença pelos países colonizados. Os autores do teatro nesse período foram o Padre José de AnchietaF11F e o Padre Antônio VieiraF12F. As representações eram realizadas com grande carga dramática e com alguns efeitos cênicos, para a maior efetividade da lição de religiosidade que as representações cênicas procuravam inculcar nas mentes aborígines.

O teatro grego e o romano: a relação entre os espaços de apresentação e a luz
Durante séculos o teatro foi realizado à luz do sol, sem necessidade de iluminação artificial. O espetáculo começava de manhã, e só terminava quando o sol ia embora, era como se a luz natural dirigisse todo o espetáculo lá do alto. Quando chegava o final da tarde, essa luz se recolhia e o espetáculo cessava. Em pouco tempo a luz regressava às vezes pálida, nevoenta, translúcida, outras vezes clara e absoluta, essa luz superior projetava raios em toda as direções e refletia, nas superfícies, volumes e cores, assim o palco e a platéia podiam se reencontrar e, o espetáculo poderia continuar. Na Grécia, as apresentações eram feitas em amplos teatros, construídos de forma semicircular e planejados para que não apresentassem problemas de acústica ou de visibilidade. As arquibancadas eramescavadas nas encostas das colinas e tanto o público quanto os atores, ficavam expostos à luz do sol, aos ventos e a brisa do mar. Já de manhã milhares de pessoas tomavam seus lugares nas arquibancadas e ali permaneciam o dia inteiro. Por mais que fosse o mesmo espetáculo a ser apresentado, eles eram únicos, já que a iluminação assim como brilho e sombra dependiam das condições atmosféricas; movimento das nuvens e das diferenças de intensidade e luminosidade da luz solar .No momento em que o teatro se recolheu dentro de uma “casa”, foi necessário reinventar a luz para a continuação dos espetáculos, no entanto seria muito difícil substituir a original. Ao mesmo tempo era o momento para criação e descoberta de técnicas que trouxessem de volta a fantasia e a imaginação e, aos poucos substituiu-se a luz natural, em fonte incandescente.Até hoje, os espetáculos realizados em ambientes externos, quando apresentados durante o dia, guardam as características das encenações primitivas, o que os olhos vêem é o real sem filtros e sem artifícios.O Teatro Romano em Orange é um dos mais bonitos monumentos na França e, é testemunha da Era Romana. Suas arquibancadas garantem uma acústica excepcional. Com a queda do Império Romano, este teatro deixou de ser usado e em 1562 ele se transformou em um espaço para refúgio da população. Próximo ao ano de 1800 o teatro foi restaurado. .

O Teatro Elisabetano
“Frequentemente, diz-se que o Teatro Elisabetano era a imagem do mundo. A plataforma era um buliçoso, seu alçapão levava ao inferno, o interior acortinado do palco expunha as confidências da vida privada, o balcão era aquele nível superior do qual alguns poderiam olhar para baixo para que outros olhassem para cima…” Peter BrookF13F (fonte: Revista Luz e Cena n 71, pág 40)A Inglaterra dos fins do século XVI era uma sociedade orgulhosa: acabava de se converter na grande potência marítima da Europa, derrotando a Invencível Armada espanhola; os marinheiros e os militares britânicos puseram-se a conquistar e colonizar o mundo conhecido, e o comércio e a indústria começaram a florescer. A rainha Elizabeth I (1558-1603) encarregou-se de promover esse patriotismo entre seus súditos e o teatro foi um bom instrumento para consegui-lo.Os autores mais notáveis deste período são Christopher MarloweF14F, Ben JonsonF15F e William ShakespeareF16F, considerado o maior poeta dramático de todos os tempos. Suas peças, tradicionalmente divididas em obras históricas, comédias e tragédias fazem não só a crônica de seu país como também descrevem com rara compreensão da condição humana as relações entre indivíduos e estes com a sociedade.Os dramaturgos nos tempos de Shakespeare eram conhecidos como poetas, e os atores como jogadores. Shakespeare era uma entre várias personalidades extremamente talentosas do seu cotidiano. Eles transformaram o teatro de entretenimento itinerante onde se agrupavam os atores em rudes palcos de hospedaria ou feiras em uma atividade completamente profissional em teatros construídos em Londres. Os atores foram proibidos através de lei de viajar ao redor da Inglaterra como artistas sem vínculo; tiveram que formar companhias debaixo da proteção de um nobre.Os teatros da época tinham dois tipos básicos de arquitetura: circular ou poligonal.Eram construídos de madeira e sem teto. O palco podia ter até três níveis para que várias cenas fossem representadas simultaneamente. Ele avançava até o meio do edifício, de modo que o público o cercasse por três lados e teria boa visibilidade. Ao fundo, uma cortina modificava o ambiente. Aos espectadores mais abastados e aos representantes da nobreza eram destinadas as galerias (fig.1.11).No início, eram utilizados locais improvisados, como os pátios das hospedarias, ou mesmo áreas abertas. Depois as companhias teatrais foram-se estabilizando e, começaram a ser construídos os primeiros teatros. Os cenários ficavam no centro de uma grande nave circular ou hexagonal. Ao redor dispunham-se os balcões e as galerias; praticamente não havia decoração (fig.1.12). Os atores eram profissionais e não havia atrizes: seus papéis eram interpretados por jovens atores que assumiam um tom de voz feminino.Existem traços comuns entre o teatro elisabetano (ou isabelino, como é conhecido na Espanha) e o Hteatro castelhanoH do Século de Ouro: a representação de comédias em locais abertos, público pertencente às mais diversas classes sociais, a combinação de tragédia e comédia na mesma obra, e a utilização de argumentos históricos. Além disso, tratava-se de um teatro em versos, mas com grande liberdade e vivacidade nos diálogos.Essa fase se encerra com o fechamento dos teatros por ordem do Parlamento em 1642.

Sua utilização nos dias de hoje
Considerado o teatro mais antigo da América do Sul (1770), a Casa da Ópera de Vila Rica, sua antiga denominação, foi construída em Ouro Preto, Minas Gerais, pelo coronel João de Souza Lisboa, dentro da tradição arquitetônica luso-brasileira. Utilizado até os dias atuais para apresentação de espetáculos, é localizado, no Largo do Carmo, não lhe dá nenhum destaque entre o casario vizinho .Edifício de fachada singela que remete a austeridade da arquitetura civil da época. Apresenta empena frontal, de vaga inspiração neoclássica, em contraste com aberturas em arco abatido, de tradição barroca, e elementos medievais, óculo quadrilobado e arcaturas acompanhando a cornija da empena. Provavelmente o estilo eclético foi adquirido durante a remodelação interna ocorrida em 1882.Seu interior, também acanhado, segundo as palavras do viajante francês Saint-Hilaire, constituía-se de quatro ordens de camarotes, encerrados por balaustradas de madeira recortada. A sala de espetáculos, originalmente, era iluminada por velas entre os camarotes.A boca de cena é emoldurada com pedra, vista da platéia. A conformação quase retangular da sala interfere na boa visibilidade dos camarotes e frisas laterais, em direção ao palco (fig. 1.15).O rei de Portugal era, por lei, o dono do subsolo, razão pela qual cobrava o “quinto” do metal extraído. Em 1716, depois de experimentar diversas formas de cobrança desse tributo, as Câmaras Municipais de Minas Gerais propuseram substituí-lo por taxas fixas impostas sobre as mercadorias “entradas” na região de mineração. Apesar da proposta não ter sido aceita pela Coroa, em 1º de outubro de 1718, os postosAs colunas de apoio dos pisos inferiores foram substituídas pelas de ferro, de seção menor, privilegiando a visibilidade dos camarotes.Ao se ver a partir da boca de cena em direção ao fundo da sala de espetáculos, observa-se ao alto o óculo da fachada por onde invade um feixe de luz natural, que ilumina a cena, possibilitando espetáculos bem iluminados, uma solução dos tempos sem energia elétrica (fig.1.16 e 1.17).Ao longo de sua história, sofreu inúmeras reformas, sendo a mais significativa em 1882, quando a estrutura das quatro ordens de camarotes também alterada, adquirindo a forma de ferradura e recebendo piso em declive. Todas essas modificações visaram adaptá-lo ás exigências de conforto do século XIX.Foi tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional em 1995, porém usando o nome Teatro Municipal de Ouro Preto. Contratador dos reais quintosF17F e das entradas,Souza Lisboa, fascinado pela arte teatral, recebeu desde o início apoio do Conde de Valadares, governador da Capitania, e de seu secretário, o poeta Cláudio Manoel Costa.Enquanto viveu, Souza Lisboa esteve à frente da Casa da Ópera de Vila Rica, contratando atores em Sabará e no Tijuco, relacionando nomes de personalidades influentes – intelectuais, militares, políticos – capazes de prestigiá-lo em momentos decisivos, preocupando-se com a pintura e a decoração do prédio. Inevitável, portanto, que a casa da Ópera de Vila Rica morresse um pouco com seu criador, em 1778.Ressurgiu oito anos depois, triunfalmente, nas festas dos desposóriosF18F do infante D. João, com três noites de ópera. A partir daí, sob diferentes administradores, a Casa da Ópera viveu períodos de altos e baixos, sem, no entanto, deixar de funcionar.O teatro quase desaparece em 1885, quando o governo provincial chega a planejar a construção de um novo teatro em Vila Rica que como capital merecia, já que, segundo alguns engenheiros, este ameaçaria desabar.Nem o Teatro desabou, nem outro foi construído. E a reforma, concluída após sete anos, foi executada com perfeição e economia.No final do século XIX, em todo o país ocorrem mudanças com a chegada do fonógrafo e do cinema. Os teatros viram a freqüência reduzida, e o de Ouro Preto não fugiu à regra. No entanto, aos poucos a convivência entre o antigo e o novo foi-se estruturando, cada qual ocupando o próprio espaço.

Revisão histórica da iluminação artificial nos espaços cênicos
No século XVI, quando o teatro iniciou suas atividades em espaços fechados, notou-se que era preciso substituir a luz natural por artifícios que clareassem o palco e, que permitissem que os atores e objetos de cena pudessem ser vistos. Fez-se necessária a utilização de fontes de iluminação artificial, a partir daí, a busca por soluções e técnicas que suprissem as necessidades visuais tanto para os artistas quantos para a platéia (fig. 1.18 e 1.19).Em muitos destes novos espaços fechados que passaram a abrigar os espetáculos, existiam janelas permitindo a captação de luz externa em parte do dia; durante a noite eram utilizadas velas para garantir a visibilidade, sendo por muito tempo a única fonte de luz do teatro, produzindo no entanto; uma luz instável, oscilante e, difícil de ser controlada. Durante os séc. XVII e XVIII foram utilizados candelabros nos teatros, espalhados pelo espaço cênico e platéia (fig.1.20 a 1.24). Chegou-se a experimentar sebo na confecção de velas com o objetivo de aumentar o seu tempo de vida, mas, devido ao mau cheiro estas velas foram pouco utilizadas. Mais tarde vieram os lampiões a óleo criados por Argand, sua luminosidade era maior que das velas. No entanto a queima de óleo trazia alguns inconvenientes como a sujeira que produzia nos tetos, paredes, cortinas além do risco de pingar em alguém (fig.1.25).Nicola Sabbatini nasceu em 1574, em Pesaro, na Italia. Morreu em 25 de dezembro de 1654. Arquiteto e engenheiro, abriu caminho para novas técnicas de iluminação teatral.Novos combustíveis foram utilizados, como óleo de baleia e querosene. Por mais que os artesãos, técnicos de luz e os diretores teatrais tentassem resolver as condições de visibilidade, as fontes de energia que se dispunha ainda eram muito precárias. Sua luminosidade era instável, difícil de controlar, sem direcionamento, bastante diferente e pouco eficiente comparando-se à iluminação hoje utilizada nas casas de espetáculos.Algumas idéias continuaram surgindo, assim como a utilização de vidros côncavos preenchidos com vinho ou líquidos coloridos e objetos com superfícies refletoras a fim de criar novos efeitos (fig. 1.26). A preocupação em reduzir a iluminação da platéia, com a finalidade de intensificar a luminosidade do palco, trouxe contrastes e valorizava o espaço cênico conseqüentemente, os espetáculos.A utilização de novas técnicas como a controle de luminosidade das lâmpadas, criada por Nicola SabbatiniF19F(fig.1.27), trazem progressos à iluminação cênica, mas, é a iluminação a gás que vem resolver de forma satisfatória a questão da visibilidade nos teatros.A nova lâmpada trazia mais claridade do que as mais avançadas lâmpadas a óleo da época. As lâmpadas de Argand foram primariamente introduzidas no teatro francês em 1784. A partir de 1850 o gás é utilizado de forma genérica nos teatros.As vantagens conseguidas a partir da utilização do gás nas luminárias e candelabros eram muitas; um candelabro a gás equivalia a 12 velas, a luz produzida era mais intensa, mais estável e o controle desta operação passou a ser centralizado (fig. 1.28). Mesmo com todas as vantagens em relação aos sistemas de iluminação artificial anteriores, sua utilização trazia altos custos com manutenção e problemas de segurança, havia grande preocupação com incêndios que eram comuns.Em 1879 é criada a lâmpada incandescente por Thomas Edison com um filamento de carbono. As primeiras instalações elétricas nos teatros foram feitas através da luz de ribalta, gambiarras e laterais. Foram muitas as possibilidades de criação a partir desta nova descoberta

A iluminação cênica artificial
Diferente dos demais sistemas sígnicosF1F teatrais, a iluminação é um artifício bastante recente. Sua introdução no espetáculo teatral, deu-se apenas no séc XVII, aperfeiçoando-se com a descoberta da eletricidade. Uma das principais funções da iluminação é delimitar o espaço cênico. Quando um facho de luz incide sobre um determinado ponto do palco, significa que é ali que a ação se desenrolará naquele momento. Além de delimitar o lugar da cena, a iluminação se encarrega de estabelecer relações entre o ator e os objetos, o ator e os personagens em geral. A iluminação “modela” através da luz o rosto, o corpo do ator ou um fragmento do cenário.

A inclusão da iluminação cênica nos primeiros espetáculos
Por dois mil anos, 500 A.C e 1500 D.C., o teatro não necessitou de outra luz que não fosse o sol, apenas raras exceções como nas Igrejas na Idade Média, Europa no século IX, onde se fazia teatro na própria Igreja.À vela, invenção dos fenícios, foi durante muito tempo à única iluminação que os teatros possuíam.Não havia necessidade de iluminação artificial para o teatro, pois a arte cênica acontecia durante o dia e era desenvolvida em locais abertos. Entretanto quando o espetáculo se prolongava, era preciso recorrer ao fogo para iluminá-lo no meio para o final, através de tochas ou fogueiras. Os espetáculos feitos nas Igrejas eram iluminados com velas ou círiosF2F.Representações como comédias satíricas, apresentações circenses, que eram executadas em tavernas e castelos, eram iluminadas com tochas e archotes. No inverno em que os dias eram menores, a iluminação artificial também era usada no final dos espetáculos; tocha amarrada à gaiola de ferro que segurava o material flamejante.Os dramas litúrgicos desenvolviam-se nas igrejas e a iluminação era favorecida pelos vitrais. Dramas Medievais feitos ao ar livre, performances em locais fechados faziam uso da lâmpada a óleo, tochas e vela.A iluminação do palco ao longo de todo caminho desde a toda flamejante do teatro elisabetano até a lâmpada de óleo italiana, começou na renascença com equipamento de fazer alusão ao grego.A produção do teatro renascentista ficava na mão do arquiteto do teatro, responsável pelo cenário e iluminação e, algumas idéias importantes como: o humor específico como uma tragédia, iluminação indireta com a utilização de espelhos, escurecimento do auditório, passo muito importante.Lâmpadas a óleo foram largamente usadas para iluminação doméstica e pública, incluindo o teatro da idade média até o fim do século XVIII. O pavio quando imerso em pequena quantidade de óleo, produzia não só luz mas também fumaça e um cheiro desagradável. Óleos vegetais de alta qualidade, como óleo de oliva, produziam mais luz com menos fumaça, assim como melhor odor.A lâmpada a gás, que foi introduzida em 1784 pelo inventor suíço Argand, foi um grande progresso comparado às tradicionais lâmpadas a óleo de chama aberta. Argand empregou conhecimento científico no papel do recentemente descoberto oxigênio em combustão. As lâmpadas de Argand foram primariamente introduzidas no teatro francês.Nos teatros, o gás é empregado de forma generalizada a partir de 1850. A primeira adaptação bem sucedida em 1803 no Lyceum Theatre de Londres (fig. 2.8 e 2.9), foi realizada por um alemão chamado Frederick WinsorF3F.Em 1876, pela primeira vez, durante a representação de suas óperas em BayreuthF4F, Richard WagnerF5F, mergulha a sala no escuro. Essa medida é pouco a pouco adotada na Inglaterra, na França e no restante dos teatros europeus. Com um destaque maior ao espetáculo e diminuiu-se a luz na platéia, com isso o espectador perdeu a consciência da realidade e entrou em estado parcial de hipnotismo.No século XIX as inovações cênicas e infra-estruturais do teatro tiveram prosseguimento. O teatro de Booth de Nova York (fig. 2.10) já utilizava os recursos do elevador hidráulico. Os recursos de iluminação também passaram por muitas inovações e experimentações, com o advento da luz a gás.Em 1879 quando Edson fabrica a primeira lâmpada de incandescência com filamento de carbono, permite a generalização do uso da eletricidade nos teatros. Até o final do séc XIX a luz elétrica já havia se tornado comum nos grandes teatros. As primeiras instalações elétricas em palco italiano utilizavam luzes de ribalta, gambiarras e laterais. Em 1881, o Savoy Theatre (fig.2.11) de Londres foi o primeiro a utilizar iluminação elétrica.A Iluminação elétrica passa a ser um dos principais instrumentos de estruturação e animação do espaço cênico. A luz elétrica fez com que toda a estrutura teatral mudasse radicalmente.As primeiras mesas de controle apareceram em Londres e no Boston Theatre nos EUA.

A importância da iluminação cênica artificial no teatro
Somente nos últimos quatro ou cinco séculos que o teatro tem geralmente sido realizado em ambiente fechado e, a luz tem sido usada para iluminar o palco e os atores. Velas, tochas, lâmpadas a óleo e a gás, cada uma por sua vez, contribuiu com meios de produzir esta luz e, permitiu algum grau de efeito. A eletricidade chegou, e com ela novas idéias.Sem a iluminação nada pode ser visto; é o primeiro dos estímulos da mente humana e, o homem é sensível a todas as suas nuances.Por séculos, são escritas nos espetáculos a luz que o homem tem conhecido em suas vidas; agora esta luz pode ser “manipulada“ no palco. Seu efeito visual e emocional pode ser usado para acompanhar e influenciar a atuação, como a evolução da técnica mostra, é sem limite.Refletor com um tipo de lente dotada de sulcos prismáticos concêntricos, dele se obtem uma luz muito constante, seus fachos se misturam sem deixar marcas ou contornos acentuados.

A iluminação cênica artificial nos dias de hoje

HISTÓRIA DA ILUMINAÇÃO -
A luz elétrica veio proporcionar melhores condições para visibilidade e abrir novos caminhos não só para a iluminação como para o teatro em geral. Ela provocou mudanças no conceito de cenografia, figurinos, alterando completamente o aspecto visual do espetáculo.Com o objetivo de otimizar ainda mais a iluminação cênica, novos aparelhos dotados de lentes e lâmpadas especiais foram surgindo, em conseqüência disto muitas vantagens como; a focagem, lentes de abertura do foco, direcionamento preciso, regulagem de posição fixa ou móvel e em todas as direções que facilitava cobrir o objeto de cena e artistas de qualquer ângulo e suporte para filtros coloridos.

Seus Elementos
Hoje em dia são utilizados vários equipamentos como o spotlight, que permitiu isolar e precisar as zonas de ação, pôs o artista em evidência, detalhou cenários e objetos e, iluminando as cenas de vários ângulos valorizou as três dimensões.Em sua maior parte, as lâmpadas usadas são as lâmpadas incandescentes halógenas de alta potência que são utilizadas nos refletores para lâmpadas par, palito, lâmpadas de descarga.Hoje são muito utilizados os projetores plano-convexos para fachos difusos assim como o Projetor FresnelF6F. Em longas distâncias surgiram os canhões seguidores formados por lâmpadas de descarga ou halógenas. Permitindo a reprodução de formas geométricas e efeitos, os projetores elipsoidais estão entre os mais especificados pelos criadores de iluminação cênica nos espetáculos.Outros refletores bastante usados são as carcaças usadas com lâmpadas Par (fig. 2.12), a utilização de cores tornou-se cada vez mais presente nos espetáculos e, estes refletores permitem a utilização de gelatinas coloridas de forma bastante satisfatória.Paralelo a todo este avanço para atingirmos as condições de visibilidade em teatros fechados, foram surgindo mesas de controle.A iluminação cênica tem expressão própria. A intenção é dotar o conjunto da maior possibilidade de uso, considerando um rigor técnico nas angulações e uma disponibilidade de equipamentos, recursos técnicos e recursos operacionais. A excelência do material instalado fica ao dispor do processo criativo que será, então, o agente estimulador da resposta emocional do espectador.

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