Fórum do ator
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Teatro Épico

Ir para baixo

Teatro Épico Empty Teatro Épico

Mensagem por Admin Sex Dez 26, 2014 12:34 pm

Olá a todos, trago aqui o primeiro tópico, definições do teatro épico em geral.

    Gênero teatral teorizado por Bertold Brecht que contrasta com o teatro Aristotélico da mesma forma que epopeia e drama se opõem como narração e ação. É um teatro de cunho narrativo, que recusa a ilusão e qualquer comunhão, utilizando para isso efeitos de distanciação, de forma a preservar uma atitude crítica por parte do espectador e uma eficácia pedagógica que o drama, ao apelar à identificação e à comoção, não possui. A título de exemplo, já em Aristóteles era atribuída a diferença de estrutura entre forma dramática e forma épica, sendo assim tratadas as leis respeitantes a estas duas formas em dois ramos distintos da estética. Desde 1926, Brecht coloca de lado o termo «drama épico» e começa a referir-se a teatro épico, uma vez que o cunho narrativo da sua obra completa-se somente em palco. É, portanto, em 1926, que ao escrever Homem é um Homem, peça cuja temática envolve a «despersonalização do indivíduo», que Brecht encontra o verdadeiro fio condutor do teatro épico. Entre as primeiras manifestações sobre teatro épico encontram-se as notas que acrescentou à Ópera dos Três Vinténs (1928) e a Ascensão e Queda da Cidade de Mahagonny (1928/1929). A concepção fundamental do teatro épico encontra-se na ideia de introduzir uma narrativa que implique o «gestus» da serena e distante objectividade do narrador face ao mundo narrado, assim como a «desmistificação», a revelação de que as desgraças do homem não são eternas e sim históricas, podendo por isso ser superadas. A forma épica é, no entender de Brecht, a única capaz de aprender processos que constituem para o dramaturgo a matéria para uma ampla concepção do mundo. 
    O teatro épico procura manter a separação, isto é, criar o chamado «efeito de distanciamento» entre o palco e a plateia, levando as palavras, as imagens e a música não a representarem, mas a mostrarem a realidade, perante a qual o espectador poderia assim (deveria) reagir criticamente e não emocionalmente. Brecht usou muitos processos para obter esta distanciação, como a substituição da representação pela narração (a narração cénica, em vez de o levar a participar numa ação, ou a identificar-se com «personagens», liberta-o; «acorda a sua actividade, obriga-o a tomar decisões, comunica-lhe conhecimento... através de argumentos» (Brecht). Obrigado a julgar, intimado a pronunciar-se, o espectador hesita. E é assim que a acção se transfere para ele. Sem que claramente o saiba, o espectador torna-se consciência viva das contradições do real.), o recurso a temas e ambientes insólitos, o emprego de máscaras e letreiros, a inclusão da música (a inclusão da música no teatro épico de Brecht serviu para romper o tradicional convencionalismo dramático; o drama ficou menos pesado, ou, como quem diz, mais elegante; a representação teatral adquiriu um cunho artístico. Das peças em que a música contribuiu para um teatro épico destacam-se: Tambores na Noite, a Carreira do Baal Associal, A vida de Eduardo II de Inglaterra, Mahagonny, A Ópera de um Vintém, A Mãe, Cabeças Redondas e Cabeças em Bico) e da pantomina. Tanto no exílio como depois do seu regresso, Brecht aprofunda e afina a sua teoria do teatro épico e do efeito de distanciação, que consiste em tornar insólito o que é habitual para o expor à crítica. Em cada peça faz variar a fórmula teórica do teatro épico. Contudo, o autor privilegia o recurso à parábola ou à história, o que permite o duplo jogo do distanciamento e da aproximação
    Utiliza como recursos literários a ironia, (como diria Thomas Mann «ironia é distância»), a paródia, definindo-se esta como o jogo consciente com a inadequação entre forma e conteúdo, o cómico transportado muitas vezes ao paradoxal. Como recursos cénicos apresenta títulos, cartazes e projecção de textos, os quais comentam epicamente a acção e esboçam um pano de fundo social. Resumindo, o teatro épico é um teatro oposto pela natureza do texto e da interpretação, a que Brecht chamou o «teatro de ilusão» designação que engloba igualmente «os clássicos» e os «românticos». Porque, como disse Brecht, trata-se, não de ver, mas de «suscitar uma crítica social no espectador». Porque «o essencial é que o teatro implique uma mutação orgânica».
FONTE: edtl.com.pt

Atenciosamente.
Admin
Admin
Admin
Admin

Mensagens : 139
Data de inscrição : 10/12/2014
Localização : Brasilia-DF

https://forumdoator.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Ir para o topo


 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos