Corpo cenico, estado cenico
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Corpo cenico, estado cenico
Enquanto procurava materiais e os organizava para o próximo encontro, cheguei a uma nova questão: a importância do Estado Cênico. Na verdade, não se trata de fato de uma novidade, e sim uma retomada, já que as minhas maiores inquietações em relação ao Teatro sempre foram: como sair de uma percepção cotidiana para entrar em cena e de que forma fazer com que, isso que se modifica em mim, toque o espectador, se comunique com ele. Estabeleça o Jogo. Passei muito tempo questionando outras pessoas (professores, colegas, pesquisadores e atores experientes) em busca de alguma orientação didática que me ajudasse a alcançar esse estado ou pelo menos a reconhecer quais os estímulos — internos/externos — que em mim provocam essa alteração. Aos poucos, fui entrando em contato com diferentes aspectos dessa mesma questão e fui levada a outras terminologias. Na Pedagogia do Teatro se diz sobre: pré-expressividade e expressividade, extra-cotidiano, organicidade (ou tornar orgânico), atenção, necessidade, tônus e energia.Isso foi antes de iniciar os encontros com o grupo e antes de ler o texto Corpo cênico, Estado cênico de Eleonora Fabião — Doutora em Estudos da Performance pela New York University e docente do curso de Direção Teatral da UFRJ.A partir dessa leitura, tentei identificar quais os princípios apontados pela autora e quais as práticas descritas direta ou indiretaente no artigo que eu poderia elaborar como procedimento e experimentar com o grupo. De forma que foi possível identificar quatro eixos desta questão: Estado cênico, Corpo cênico, Ação cênica e Nervura.
*As citações são direto do texto.
ESTADO CÊNICO
• Fluxo
O fluxo abre uma dimensão temporal: o presente do presente. A capacidade de conhecer e habitar este presente dobrado determina a presença do ator. Perder-se nos arredores do instante – na ansiedade do futuro do presente ou na dispersão do passado do presente – faz com que o agente se ausente de sua presença. A qualidade de presença do ator está associada à sua capacidade de encarnar o presente do presente, tempo da atenção. O passado será evocado ou o futuro vislumbrado como formas do presente.
• Atenção
O corpo cênico está cuidadosamente atento a si, ao outro, ao meio; é o corpo da sensorialidade aberta e conectiva. A atenção permite que o macro e o mínimo […] possam ser adentradas e exploradas. […] A atenção é uma forma de conexão sensorial e perceptiva, uma via de expansão psicofísica sem dispersão, uma forma de conhecimento. A atenção torna-se assim uma pré-condição da ação cênica; uma espécie de estado de alerta distensionado ou tensão relaxada que se experimenta quando os pés estão firmes no chão, enraizados de tal modo que o corpo pode expandir-se ao extremo sem se esvair.
CORPO CÊNICO
• Vibração
A cena exacerba a condição vibrátil do corpo. Porque hiper-atento, o corpo cênico torna-se radicalmente permeável. Contra a ideia de corpos autônomos, rígidos e acabados, o corpo cênico se (in)defi ne como campo e cambiante. Contra a noção de identidades definidas e defi nitivas, o corpo-campo é performativo, dialógico, provisório. Contra a certeza das formas inteiras e fechadas, o corpo cênico dá a ver “corpo” como sistema relacional em estado de geração permanente.
AÇÃO CÊNICA
• Drama da Sala
Para ativar circuitos relacionais, o ator deve trabalhar tanto no sentido de aguçar sua criatividade como sua receptividade. Geralmente a criatividade é privilegiada em detrimento da receptividade, a força criativa em detrimento do poder receptivo. […] A busca por um corpo conectivo, atento e presente é justamente a busca por um corpo receptivo. A receptividade é essencial para que o ator possa incorporar factualmente e não apenas intelectualmente a presença do outro.
NERVURA
• Nervura da Ação
Nervura da ação: a corporeidade da ação, pois percebo três elementos que inervam minhas ações, sejam elas quais forem: postura, sensorialidade e conectividade. Esteja eu consciente ou não, fato é que minhas ações envolvem experiências posturais, sensoriais e conectivas. Proponho-me então a investigar separadamente cada uma das três nervuras, uma de cada vez; proponho-me a fi ngir que é possível desembaraçá-las e, assim, graças a um acréscimo de consciência sensível, potencializar minha conduta em cena.
FONTE: dramaturgiadoator.com.br
Atenciosamente.
*As citações são direto do texto.
ESTADO CÊNICO
• Fluxo
O fluxo abre uma dimensão temporal: o presente do presente. A capacidade de conhecer e habitar este presente dobrado determina a presença do ator. Perder-se nos arredores do instante – na ansiedade do futuro do presente ou na dispersão do passado do presente – faz com que o agente se ausente de sua presença. A qualidade de presença do ator está associada à sua capacidade de encarnar o presente do presente, tempo da atenção. O passado será evocado ou o futuro vislumbrado como formas do presente.
• Atenção
O corpo cênico está cuidadosamente atento a si, ao outro, ao meio; é o corpo da sensorialidade aberta e conectiva. A atenção permite que o macro e o mínimo […] possam ser adentradas e exploradas. […] A atenção é uma forma de conexão sensorial e perceptiva, uma via de expansão psicofísica sem dispersão, uma forma de conhecimento. A atenção torna-se assim uma pré-condição da ação cênica; uma espécie de estado de alerta distensionado ou tensão relaxada que se experimenta quando os pés estão firmes no chão, enraizados de tal modo que o corpo pode expandir-se ao extremo sem se esvair.
CORPO CÊNICO
• Vibração
A cena exacerba a condição vibrátil do corpo. Porque hiper-atento, o corpo cênico torna-se radicalmente permeável. Contra a ideia de corpos autônomos, rígidos e acabados, o corpo cênico se (in)defi ne como campo e cambiante. Contra a noção de identidades definidas e defi nitivas, o corpo-campo é performativo, dialógico, provisório. Contra a certeza das formas inteiras e fechadas, o corpo cênico dá a ver “corpo” como sistema relacional em estado de geração permanente.
AÇÃO CÊNICA
• Drama da Sala
Para ativar circuitos relacionais, o ator deve trabalhar tanto no sentido de aguçar sua criatividade como sua receptividade. Geralmente a criatividade é privilegiada em detrimento da receptividade, a força criativa em detrimento do poder receptivo. […] A busca por um corpo conectivo, atento e presente é justamente a busca por um corpo receptivo. A receptividade é essencial para que o ator possa incorporar factualmente e não apenas intelectualmente a presença do outro.
NERVURA
• Nervura da Ação
Nervura da ação: a corporeidade da ação, pois percebo três elementos que inervam minhas ações, sejam elas quais forem: postura, sensorialidade e conectividade. Esteja eu consciente ou não, fato é que minhas ações envolvem experiências posturais, sensoriais e conectivas. Proponho-me então a investigar separadamente cada uma das três nervuras, uma de cada vez; proponho-me a fi ngir que é possível desembaraçá-las e, assim, graças a um acréscimo de consciência sensível, potencializar minha conduta em cena.
FONTE: dramaturgiadoator.com.br
Atenciosamente.
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